Países concordam que adesão do país à aliança só pode acontecer após fim da guerra, mas ainda há discordâncias sobre os ritos que precisam ser seguidos por Kiev; cúpula na Lituânia, em julho, deve definir solução.
Os membros da Otan estão correndo para concluir um plano para fornecer apoio de longo prazo à Ucrânia, mas discutem sobre como melhor garantir a segurança do país até que ele possa ingressar na aliança militar, segundo autoridades dos Estados Unidos e da Europa.
Faltando quatro semanas para a cúpula da Otan em Vilnius, que deverá aprovar o pacote, há um acordo de que a Ucrânia não pode ingressar na aliança enquanto os combates ainda estiverem em andamento contra as forças russas, posição acatada no início de junho pelo presidente Volodymyr Zelensky após meses implorando por admissão rápida.
Os membros da aliança estão perto de concordar com medidas incrementais para fortalecer os laços com a Ucrânia, incluindo a atualização de como a Otan e Kiev cooperam e um programa plurianual para ajudar a Ucrânia a adequar suas forças de segurança aos padrões operacionais e técnicos da Otan, segundo autoridades.
Os aliados ainda precisam resolver as diferenças sobre como lidar com o desejo de adesão da Ucrânia, regido por uma vaga declaração de 2008 de que ingressaria na Organização do Tratado do Atlântico Norte sem definir como ou quando.
A embaixadora dos EUA na Otan, Julianne Smith, disse a repórteres na quarta-feira que os membros ainda estão discutindo como responder às aspirações de adesão do governo de Kiev.
“Há uma rica conversa acontecendo em toda a aliança com toda uma gama de pontos de vista”, declarou Smith.
Uma fonte sênior da aliança, falando sob condição de anonimato, disse que há “uma busca difícil para encontrar um mecanismo que aproxime a Ucrânia da Otan sem levá-la à Otan”.
Governos ocidentais, como os EUA e a Alemanha, estão cautelosos com movimentos que temem que possam levar a aliança mais perto de entrar em uma guerra ativa com a Rússia, que há muito vê a expansão da Otan na Europa Oriental como evidência da hostilidade ocidental.
Questionado em 2 de junho sobre as aspirações da Ucrânia de ingressar na Otan, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “seria um problema potencial por muitos e muitos anos”.
O presidente russo, Vladimir Putin, enviou suas forças para a Ucrânia em fevereiro do ano passado, dizendo que a segurança russa precisava ser protegida. Poucos analistas militares esperam que a recém-lançada contraofensiva ucraniana leve o conflito a um fim rápido – em vez disso, muitos preveem anos de luta.
Ao longo desse tempo, o apoio popular para defender a Ucrânia no Ocidente pode diminuir e a eleição de 2024 nos EUA pode resultar em um governo menos disposto a gastar dinheiro na guerra.
Pairando nas deliberações está a questão de saber se os membros da aliança podem mostrar unidade ao firmar acordos antes da cúpula de 11 e 12 de julho na capital lituana. Deixar de fazê-lo daria a Putin uma conquista política e de propaganda.
“Ninguém quer correr o risco de a desunião ser exibida abertamente”, afirmou um importante diplomata do Leste Europeu.
Fonte: CNN (Reportagem de Jonathan Landay e Andrew Gray)