O jogo da “baleia azul”, série de 50 desafios cujo objetivo final do jogador é acabar com a própria vida, está movimentando as redes sociais, principalmente desde o início de abril, quando a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) do Rio divulgou que está fazendo um rastreamento das redes sociais para reunir informações sobre o jogo. Um inquérito foi instaurado depois que a mãe de um menino de 12 anos denunciou que o garoto foi convidado a participar da série de desafios.
O jogo consiste em uma série de 50 desafios diários, enviados à vítima por um “curador”. Há desde tarefas simples como desenhar uma baleia azul numa folha de papel até outras muito mais mórbidas, como cortar os lábios ou furar a palma da mão diversas vezes. Em outra tarefa, o participante deve “desenhar” uma baleia azul em seu antebraço com uma lâmina. Como desafio final, o jogador deve se matar. O “curador” é quem envia ao participante do jogo os 50 desafios que ele deve cumprir diariamente até chegar ao suicídio.
Repercussão Nacional
A Câmara dos Deputados aprovou a realização de uma audiência pública para discutir o “jogo da baleia azul”. A reunião, ainda sem data marcada, será promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Casa. Os organizadores da audiência convidarão um representante da Unicef Brasil e o youtuber Felipe Neto, que gravou um depoimento em seu canal no site de vídeos para alertar as famílias sobre o jogo e sobre a necessidade de atenção à saúde mental dos adolescentes. Na audiência, representantes do Facebook e do WhatsApp, meios em que os jovens são geralmente cooptados para o jogos, deverão explicar o que as empresas têm feito para combater a propagação do jogo na web.
O youtuber Felipe Neto divulgou um desabafo que considerou o vídeo mais importante que já fez. Ele revelou que foi diagnosticado com depressão, mas disse que leva uma vida normal, já que faz tratamento para a doença. O youtuber acredita que o “desafio da baleia azul” é um problema porque atrai as pessoas que sofrem com distúrbios de saúde mental, como a depressão. “Vocês acham que o jogo da Baleia Azul é o responsável pela morte desses jovens? Eu não gostaria de acreditar que alguém saudável, estável psicologicamente jogue um jogo desse e termine se matando.
Na contramão dos desafios macabros propostos pelo jogo da “baleia azul”, alguns “concorrentes” do bem começaram a surgir na internet. O Baleia Verde dá aos participantes 35 tarefas que estimulam a autoconfiança e autoestima dos jogadores. A página no Facebook leva uma mensagem de apoio àqueles já tiveram ou têm ideias suicidas.
Já o “Baleia rosa” conta com mais de 200 mil seguidores. O jogo propõe desafios como “escreva na pele de alguém o quanto você a ama”, “poste uma foto usando a roupa que te faz sentir bem” e “faça carinho em alguém”. Os administradores contaram ao GLOBO tem recebido muitas mensagens de crianças pedindo ajuda e entraram em contato com uma psicóloga para ajudar a responder os casos mais sérios.
Como identificar e ajudar seu filho a não se envolver no jogo
Os pais precisam ficar de olho se a criança ou adolescente apresentou alguma mudança brusca de comportamento. Segundo Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Singularidades (SP), isso pode ser sinal de que a criança ou adolescente esteja sofrendo com algo que não pode lidar. Os pais também devem demonstrar interesse por sua rotina para entender se o jovem está com problemas.
Os filhos também devem se sentir acolhidos e, por isso, Elizabeth reforça que os pais revertam suas expectativas em relação a eles. Os jovens precisam buscar pessoas em quem confiam para compartilhar seus anseios, seja na escola ou na família.
“É preciso que o adolescente fique à vontade para falar de suas frustrações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas angústias e for escutado, tem um fator de proteção”, disse.
Para Angela Bley, psicóloga coordenadora do Instituto de Psicologia do Hospital Paqueno Príncipe (PR), o adolescente muitas vezes não tem capacidade de discernir sobre todo o conteúdo ao qual é exposto e, por isso, é importante o diálogo franco.
Iniciativas da escola
As escolas podem ajudar a identificar situações de risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A escola ajuda a construir laços e tem papel fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”, afirma Elizabeth. Alguns colégios, já cientes da viralização do jogo, começaram a pensar em alternativa para aumentar a conscientização sobre a importância de cuidar da vida.
O que os pais devem fazer nesses casos:
- Não apagar as provas
- Guardem todas as evidências para que providências legais sejam tomadas, ou seja: guardar as mensagens trocadas entre a vítima e o “curador” é o primeiro passo, sejam elas por Whatsapp ou redes sociais
- No caso de páginas da web, deve-se copiar a URL inteira (endereço completo que aparece na barra de navegação).
- Dar prints de conversas ou de páginas também é um recurso válido na hora de denunciar, pois por mais que o conteúdo seja apagado, as empresas de internet e de telefonia são obrigadas a guardar registro das atividades por seis meses, com base no Marco Civil da internet. O que pode levar a descobrir quem criou o conteúdo e quem o acessou.
- De posse das provas, a família da vítima deve procurar uma delegacia especializada em crimes cibernéticos ou mesmo uma delegacia comum.
É importante lembrar que os curadores do Baleia Azul que são os responsáveis por abordar jovens, seja pelo aplicativo Whatsapp ou pelas redes sociais, para que participem do desafio da baleia azul não ficarão impunes e certamente serão enquadrados em vários crimes.
Fontes:
https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2017/04/21/maiores-de-idade-organizando-desafio-baleia-azul-podem-ser-presos.htm
http://oglobo.globo.com/sociedade/o-que-se-sabe-ate-agora-sobre-jogo-da-baleia-azul-21236180