A matéria deste site sobre a segurança nas olimpíadas deixa preocupações. Quando começamos a preparar a cidade para os Jogos Olímpicos, o ISIS ou EI não era uma preocupação mundial. Isto mudou radicalmente, sobretudo após os acontecimentos deste mês em Paris. Esta mudança mostra que o terrorismo está nas cogitações principais deste grupo. Terrorismo não tem nacionalidade nem lugar de preferência. Pretende a violência e a certeza de que suas ações serão difundidas pela mídia. É isto que o terrorista quer: propaganda. Os terroristas sabem que nada resolverão com o seu ato de terror, mas querem que ele receba a maior difusão, pois têm certeza de que os meios de comunicação não terão como deixar de escancarar o ocorrido.
Paris já foi escolhida outras vezes. No século XX – as bombas argelinas estouraram em restaurantes – porque a cidade faz parte do “centro do mundo”. Mas como lembrado no site, Munique também o foi, simplesmnte porque lá havia uma olimpíada e esta é notícia em qualquer lugar. O Rio estará nas notícias do mundo, não por ser o Rio, mas pelas olímpíadas, sabemos todos. A entrada internacional da cidade – a linha vermelha – é um dos nossos lugares especialmente desprotegidos. Pouco ou nada vale fazer carros de polícia circular nesta via porque o perigo verdadeiro está nas suas margens, de onde aos criminosos protegidos pelas favelas que a circundam é permitido ter rotas de fuga e uma visão privilegiada dos passantes e de onde, se pretenderem praticar uma ação terrorista, não poderão ser impedidos. Mas se não forem os nossos criminosos e sim terroristas infiltrados, a situação será a mesma.
Em matéria de segurança, a imaginação é preciosa, sobretudo quando já se tem tantos fatos conhecidos, no passado e no presente. Ressalto isto, porque no site está colocada a dificuldade da intervenção neste local das forças militares federais ou das forças de polícia federal. Mais uma vez aparece o problema , tedioso e repetitivo, do emprego destas forças, porque, como já disse em outro comentário, nossa federação tem enormes dificuldades operacionais. Talvez a pretexto da não intervenção nos Estados ( não tenho certeza se esta é a verdadeira razão), criou-se uma burocracia bem latina. A forma é mais importante do que o conteúdo. Mas nesta hipótese apresento meu testemunho, porque fui partícipe de fato onde a burocracia não emperrou.
No final da década de 1960 era eu o Delegado chefe das operações da Delegacia de Vigilância do Estado Guanabara. Executamos algumas operações de cerco e busca em favelas. Para tanto me era disponibilizado um pelotão de cada força armada. Esta tropa, sob meu comando, era utilizada para efetuar o cerco da favela, enquanto meus policiais faziam a busca local. Isto aconteceu, é fato histórico. Imaginar que as favelas que circundam a linha vermelha não venham a ser ocupadas por forças federais, diante da já conhecida falta de efetivo da nossa PM, dá arrepio. E se acontecer um ato terrorista, todas as autoridade – federais e estaduais – deverão ser responsabilizadas, no mínimo. Esperemos sensatez.