Se no noticiário as manchetes com mortes de civis, abusos de autoridade ou excessos de violência desafiam a estratégia da Comunicação Social da polícia, nas redes sociais páginas repletas de fotos de cadáveres, gente ensanguentada e a glorificação da violência também preocupam.
No Facebook, por exemplo, há uma série de perfis que levam os nomes de unidades especiais (como o Bope, Batalhão de Choque, ou até a “PMERJ News”) e de batalhões de bairros que incitam a violência. Alguns, como o “Sangue de Polícia”, têm mais de 17 mil seguidores.
Suspeita-se que alguns sejam de autoria de cidadãos comuns, e outros sejam mantidos por policiais.
“Já conseguimos tirar do ar, após um trâmite com o Facebook, uma página que se intitulava como da PMERJ, e outra do Bope, com conteúdo deste tipo. Juntas, elas tinham quase 300 mil seguidores. Se ficar provado que um policial da ativa mantém páginas assim, poderá sim sofrer sanções de acordo com o manual de conduta que estamos lançando”, diz Caldas, chefe da comunicação da PMERJ.
Segundo ele, “perfis falsos com grande repercussão serão encaminhados ao Facebook para que se providencie a retirada do ar”, diz.
CONHEÇA AS REGRAS DO MANUAL DA PMERJ PARA AS REDES SOCIAIS:
Humanização e Preconceito
Para o público externo, os posts devem passar uma visão mais humana do trabalho da polícia, aproximando a instituição da sociedade. Para os policiais, devem transmitir reconhecimento e valorização de suas atividades.
Diálogo
Seja pelos comentários, mensagens inbox ou Whatsapp de cada batalhão, a população precisa ter todas as suas demandas e denúncias respondidas nas redes sociais. Caso não seja de competência da unidade, a mensagem pode ser encaminhada a outros canais. Não responder é tão ruim quanto deixar a página desatualizada.
Linguagem simples
Os posts devem evitar jargões policiais, termos técnicos e linguagem formal ou rebuscada. Os textos devem ser simples, diretos e criativos, usando até de informalidade e bom humor para ganhar a atenção dos internautas.
“Mundo cão”
Fotos de pessoas mortas, feridas e ensanguentadas estão proibidas, assim como mensagens que possam incitar a violência.
Fotos e vídeos
Sempre que possível, os posts dos batalhões, UPPs e demais unidades devem seguir a linha da fanpage da PMERJ, priorizando conteúdos com vídeos e fotos, o que chama mais a atenção do usuário no Facebook.
No perfil da PMERJ ou de outras unidades no Instagram devem se priorizar fotos mais artísticas, criativas e diferenciadas, de acordo com o perfil do usuário deste aplicativo, enquanto no Facebook usam-se fotos de atividades, de rotina ou de eventos especiais.
Perfis pessoais
A partir de agora os policiais militares estarão sujeitos ao Código de Conduta do Servidor Público para suas postagens em perfis pessoais, levando em conta posicionamentos em temas polêmicos, decoro, civilidade e ética, lembrando que ainda está representando a instituição através de seus comentários.
Imprensa
Os batalhões, UPPs e demais unidades deverão sempre canalizar todas as demandas de imprensa à Coordenadoria de Comunicação Social da PMERJ, que centraliza este atendimento.
Ética e limites
Somente devem ser publicados conteúdos de interesse público, relacionados aos temas da Justiça, Segurança Pública, Ética, Democracia e Direitos Humanos, e que guardem relação com a atividade desenvolvida pela PMERJ.
Confidencialidade
É importante saber quais informações da instituição não podem ser divulgadas. Documentos confidenciais, assuntos internos, questões estratégicas e críticas à estrutura ou processos da PMERJ devem ser discutidos internamente, e não nas redes sociais.
Frequência
As unidades devem publicar ao menos um post por dia. Se não houver possibilidade, exige-se ao menos um compartilhamento de um post do perfil central da PMERJ, que publica uma média de sete posts por dia. Páginas que não são atualizadas não precisam estar no ar.
Linha editorial
As unidades devem seguir a linha editorial da página central da PMERJ, com posts motivacionais, comemorativos e neutros, usando as principais hashtags: #PartiuPatrulhamento, #servireproteger, #NossaGenteNossaFarda, #FamiliaAzul, #OrgulhoPMERJ e #SegurancaRJ
Crises
Críticas à PMERJ e momentos em que a instituição esteja no centro de uma crise, com investigações ou cobranças na imprensa questionando ações específicas, seja por suspeitas de excessos ou de corrupção, ou mortes de civis e de policiais, devem ser levadas em conta, interrompendo posts comemorativos e dando uma resposta à sociedade também através das redes sociais.
Ocorrências
As redes sociais devem servir também como prestação de contas do trabalho da polícia. Ocorrências devem ser publicadas diariamente nas páginas dos batalhões, UPPs e demais unidades. Mesmo que sejam de pequeno porte, elas interessam à comunidade.
Punições
O manual de redes sociais da PMERJ tem valor de norma interna de conduta, e o desrespeito às regras estipuladas pode levar a punições disciplinares. Páginas que incitem a violência serão retiradas do ar e o comando da instituição pode pedir que posts de unidades que estejam desalinhados sejam deletados.