Talvez uma das formas menos compreendidas e mais utilizadas de pesquisa em turismo seja o “questionário”. Profissionais de turismo e profissionais de marketing utilizam esse método científico regularmente e as estatísticas desempenham um papel importante na tomada de decisões e no marketing do turismo.
Classicamente, o turismo deve ser dividido em pesquisa quantitativa e qualitativa. Ambas as formas de pesquisa são importantes e fornecem informações importantes sobre o mercado. Os dados estatísticos também são subdivididos em dados descritivos (dados que fornecem uma imagem da realidade atual) e dados referenciais (informações a partir das quais uma refer}encia ou uma predição podem ser feitas).
Muitos escritórios de turismo utilizam dados descritivos sob a forma de perfis demográficos. Esses dados fornecem uma imagem precisa da população do visitante. Quantos visitantes vêm da área x do mundo, qual é a divisão de idade ou qual é o agrupamento de renda ao qual o visitante pertence.
Muitas vezes, os profissionais de turismo assumem que tais estatísticas “simples” são fáceis de obter. Na realidade, dados precisos são muito mais difíceis de obter do que muitas pessoas imaginam. Os dados devem ser coletados através de algum instrumento de medida, geralmente um questionário. Apesar do equívoco popular de que os questionários são fáceis de escrever, a elaboração do questionário é uma arte com uma série de desafios. Por exemplo, um bom questionário não deve ser subjetivo, ele deve ser desenvolvido de tal maneira que cada questão signifique a mesma coisa para cada pessoa que responde a ela. Em áreas onde há um grande fluxo de turismo internacional, certamente haverá questões linguísticas e culturais envolvidas na redação de um questionário. Entre alguns dos outros erros mais comuns são os seguintes:
– Elabore perguntas curtas, simples e diretas. Longos questionários escritos não são respondidos ou respondidos de maneira aleatória.
– Quanto mais tempo o pesquisador esperar, menos precisos serão os dados. Com o passar do tempo, as pessoas tendem a esquecer ou idealizar um lugar. Uma vez que as pessoas retornam de férias, elas estão mais dispostas a falar sobre aquela experiência e preencher questionários mais longos, mas a perda de memória de curto prazo começa dentro de trinta dias do retorno do viajante para casa.
– Decida que tipo de questionamento melhor se adapta às suas metas. Você quer usar uma abordagem direta (geralmente chamada de estudo de interceptação) ou um questionário auto-administrado. Ambas as formas têm problemas e preconceitos. Por exemplo, no estudo de interceptação, as pessoas geralmente refletem o que acham que a entrevista quer ouvir e podem reagir positiva ou negativamente à “química pessoal” entre o entrevistador e o entrevistado. Outros problemas que você deve considerar são: esses dados foram corrompidos porque as perguntas foram feitas no início ou no final de uma viagem? Os entrevistados responderam de maneira diferente devido ao questionário aplicado durante a manhã, tarde ou noite? Em questionários auto-administrados, não há como ter certeza de que a pessoa que preencheu o questionário é um adulto ou criança ou mesmo um turista.
– Decida qual é a sua definição de turista e visitante. Grande parte da indústria do turismo ainda está discutindo quem é turista. Ao ler os dados do turismo, não deixe de procurar a definição de turista. Além disso, reserve um tempo para questionar como os entrevistados foram localizados e como os entrevistados foram atraídos para responder ao questionário.
– Apesar do que muitos profissionais de marketing gostariam de acreditar, há muito poucas amostras aleatórias reais. A maioria das amostras são grandes “amostras de conveniência”. Muitas vezes é impossível isolar a população do turismo de outras pessoas que podem não ser locais.
Para ajudá-lo a construir correto e preciso: os questionários do Tourism Tidbits sugerem o seguinte:
-Sempre correlacione seu questionário a um modelo social. Em outras palavras, você precisa determinar o que você quer saber e como você vai utilizar essa informação antes de começar a coletá-la.
-Tenha um estatístico especialista que examine o questionário antes de ser distribuído. Um questionário escrito de tal forma que os dados não possam ser tabulados ou analisados não será mais do que um exercício dispendioso de frustração. Os erros mais comuns nos questionários são: o uso de “perguntas compostas” (uma pergunta que contém, ou implica, um “e” ou um “ou”), palavras que têm mais de um significado, confundindo com uma amostra aleatória, ou com uma fraca padronização do questionário.
– Selecione o estilo de questionário mais adequado às suas necessidades. As informações podem ser coletadas pessoalmente, por telefone ou pelo correio. Cada estilo de coleta de informações tem suas próprias vantagens e desvantagens. Cuidado com os custos ocultos que tornam o que parece ser a opção mais barata, na realidade, a mais cara.
– Teste seu questionário antes da distribuição. Faça o seu questionário dizer o que você quer dizer, não o que você acha que significa. Se as pessoas interpretarem mal o que você está dizendo, terá coletado muitos dados inúteis. Esta desinformação não é apenas inútil, é prejudicial. Para evitar essas armadilhas, faça um pré-teste para ver se surgiram ambiguidades em seu questionário.
– Obtenha a cooperação das pessoas que vão distribuir o questionário antes de desenvolvê-lo. Um questionário não distribuído nada mais é do que um exercício acadêmico muito caro! Traga a idéia de um questionário antes da próxima reunião da associação de hotéis e restaurantes ou da câmara de comércio local. Faça uma pesquisa de opinião para ver se as pessoas vão cooperar na distribuição antes de gastar o dinheiro para desenvolver o questionário.
-Desenvolva um sistema de recompensa que incentiva o desejo de responder. Durante as férias é menos provável que as pessoas preencham o questionário e menos precisa será a informação dada. Alguma forma de sistema de recompensa, como um cupom de desconto em um estabelecimento local, pode ser o incentivo necessário para aumentar a taxa de resposta e a utilidade de seus dados.
– Desenvolva uma técnica de distribuição que seja a mais cientificamente representativa de sua localidade. As estatísticas, quando aplicadas corretamente, muitas vezes podem fornecer informações altamente precisas e úteis para o turista profissional. Para obter essa informação, no entanto, os profissionais precisam coletar dados com alguma forma de uma amostra probabilística. Como observado, é impossível obter uma amostra probabilística sem definições prévias e uma determinação de qual “universo populacional” deve ser examinado. Muitas vezes, informações turísticas são obtidas a partir de dados estatísticos, chamados de “amostra de conveniência”. Por exemplo, uma amostra de conveniência é quando simplesmente paramos as pessoas na rua sem que cada visitante tenha a mesma chance de ser selecionado. As informações coletadas dessa técnica podem ser altamente tendenciosas e enganosas.
-Comece simples. Sempre comece com simplicidade e trabalhe na com a meta de refinar e sofisticar a pesquisa. Por exemplo, antes de buscar estatísticas inferenciais, certifique-se de ter estatísticas descritivas corretas. Certifique-se de coletar os dados que atendem às suas necessidades. Finalmente, nunca se esqueça de que as estatísticas podem dar ao pesquisador da área do turismo uma grande quantidade de informações, mas as estatísticas nunca contam toda a história; eles contam apenas parte dela.