É ilusório achar que armas resolvem a questão da violência no mundo ou, por exemplo, o complexo problema do bullying entre adolescentes, em escolas ou num clube social. Arma é muito mais um instrumento de tragédia do que pretensa defesa pessoal, ressalvados os raríssimos casos de legítima defesa onde a vítima tem possibilidades de surpreender a agressão iminente e injusta.
Uma arma ao alcance de um adulto, de um adolescente ou de uma criança é pressuposto de tragédia. Um meio muito provável de se fazer o uso indevido da força. É o efeito danoso da cultura da arma que infelizmente ainda impera no mundo. Por outro lado os que detém a posse de uma arma de fogo também devem ter o cuidado de sua guarda segura e que esta esteja desmuniciada ou com a munição fora do alcance de outros.
O bullying, por sua vez, se equaciona com ação conjunta e atuante envolvendo pais, a direção de colégios e o apoio de psicólogos. O adolescente que fez agora uso irracional da arma, num colégio em Goiás, contra colegas de classe, para matar, ferir e se vingar do bullying, não é herói. É simplesmente agora um menor marcado para o resto de sua existência por um evitável episódio de violência.
Quem será daqui pra frente? O que poderia dizer às famílias das vítimas? Que essa foi a única alternativa possível para acabar com o bullying de que era vítima? Que a emoção e o ódio devem de sobrepor à razão e ao diálogo? Que essa atitude deve servir de exemplo para os que continuam na prática do bullying?
Só resta agora sim lamentarmos a perda de preciosas vidas humanas no limiar de suas existências. Que a complexa questão do bullying seja, doravante, levada mais a sério nesse país. É o que se pode extrair dessa lamentável tragédia. A eliminação física de outrem, pelo uso de uma arma de fogo, parece ser uma obsessão satânica, num mundo violento, onde a vida humana nada mais vale. É a regressão da própria humanidade.