A onda de roubo de carga é um dos crimes com maior crescimento no estado do Rio de Janeiro. Entre janeiro e novembro do ano passado, o Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou 8.541 casos, média um roubo a cada 56 minutos. Um aumento de 51,9% em comparação ao mesmo período de 2015. A ideia de criar um produto capaz de minimizar prejuízos para empresas que transportam cargas surgiu justamente após mais um crime que se somou às estatísticas, quando o tio do engenheiro Tarcísio Melo teve a garagem roubada. Depois disso, desenvolveu uma tela energizada para instalar no compartimento de carga dos caminhões, impedindo o saque.
O produto, que está prestes a ser vendido em escala comercial, deu ao criador o maior prêmio de inovação da América Latina (o Acelera Start Up, da Fiesp), entre mais de 5 mil projetos inscritos. Desde que apresentou o primeiro projeto, Tarcísio vive agora uma rotina de reuniões focadas em finalizar o produto o quanto antes. “Desde que mostrei a solução, já havia empresas querendo comprar. Algumas inclusive já deixaram sinal”, conta. O recurso também despertou interesse de agentes do mercado de seguros, como gerenciadores de risco e seguradoras.
A solução da tela energizada é gerenciada por uma inteligência que permite a manutenção da carga no baú com segurança. Tarcísio explica que, por meio de comandos remotos, a eletricidade é ativada ou desativada. O recurso arma automaticamente ao considerar uma agressão, como um arrombamento. “É o primeiro equipamento de segurança que reage à violência sofrida”, comenta.
Chamada pelo inventor de blindagem elétrica, a tela energizada dispara um choque não-letal em quem tentar saquear o compartimento protegido pelo produto. Desta forma, não deve ter impedimentos legais para se tornar comercial. A previsão, segundo Tarcísio, é que o recurso chegue no mercado em março de 2018. “A demanda foi tão grande que estamos trabalhando o máximo para antecipar”, explica.
Gaiola de Faraday serviu de inspiração
A tela energizada foi baseada no princípio físico da Gaiola de Faraday, experimento conduzido por Michael Faraday, para mostrar que uma superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior, já que as cargas se distribuem de forma homogênea na área externa da superfície condutora.
O princípio da tela energizada pode ser empregado em zonas críticas, como em embaixadas, museus, armazéns de valores e áreas militares, podendo ser instaladas não apenas na entrada, como também em portas, janelas e divisórias de salas, impedindo o acesso de locais que não devem ser violados.
A proteção pode ser acionada manualmente, por controle remoto, sensor de proximidade e à distância. No caso de instalações fixas, pode ser desligada para permitir a passagem de pessoas. A solução de engenharia aplicável já está sendo adaptada para variadas necessidades, como cofres, tesourarias, entre outras. “O mercado está identificando diversas aplicações para a tela energizada, uma vez que sua principal função é inibir o acesso de pessoas não autorizadas a locais ou recipientes que não podem ser violados. E nós já estamos respondendo com o desenvolvimento desses novos produtos que em breve poderão ser adquiridos”, comenta Tarcisio de Melo.
Fonte: Jornal O Dia