A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) investiga o sumiço de uma estudante paraense de 20 anos que se converteu ao islamismo e deixou o Brasil sem avisar a família na manhã de terça-feira (5 de abril de 2016).
Karina Ailyn Rayol Barbosa fez contato com os familiares pela última vez às 13h15 da última segunda-feira (4). Ela havia se convertido ao islã contra a vontade da família há dois anos.
Preocupados com o sumiço, os pais da jovem – que cursa Jornalismo na Universidade Federal do Pará (UFPA) – procuraram a delegacia da Polícia Federal no aeroporto de Belém e constataram que ela havia saído do país pelo aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Segundo a PF, Karina usou um passaporte verdadeiro, emitido no mês de dezembro em Belém. O pai da jovem, Nerino Almeida, quer que a polícia tenha acesso às imagens do circuito de segurança do aeroporto de Guarulhos. Ele acredita que as imagens possam ajudar a descobrir o paradeiro da estudante.
Como a jovem é maior de idade e aparentemente a viagem foi programada, segundo a PF, o caso foi repassado à Interpol que investiga se a estudante foi recrutada por alguma organização terrorista e para qual país ela viajou. O sistema de tráfego de passageiros usado pela imigração brasileira registra a entrada e saída de passageiros nos aeroportos do país, no entanto, dados como o país de destino do viajante não são capturados, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Federal no Pará.
A família de Karina diz que o comportamento da jovem mudou depois que ela se converteu ao islamismo. Descrita pelo pai como estudiosa, responsável e centrada, Karina ficou mais reservada após a conversão que ocorreu depois que ela iniciou um curso de língua árabe na UFPA. ‘Nossa convivência era maravilhosa, mas ela se afastou de outros colegas e primos. Ficou mais reservada e com o tempo precisou tomar medicamento para depressão’, contou o pai.
Segundo Nerino, a filha começou a frequentar o Centro Islâmico Cultural do Pará, localizado no bairro da Campina, por influência de um professor do curso de língua árabe. O pai credita o comportamento mais reservado à nova religião. Além de ter ficado mais introspectiva, Karina trancou a graduação em Jornalismo sem o conhecimento da família, fato só descoberto após o sumiço dela. ‘Ela saía de casa todos os dias como se fosse para a faculdade. Por isso desconfiamos que ela estava sendo aliciada nesse período em que estava sem estudar’, afirma o pai.
Universidade se pronuncia
Em nota a Universidade Federal do Pará (UFPA) lamentou o aparente desaparecimento de Karina e esclareceu que ela não participou de nenhum curso de língua árabe existente na instituição.
Segundo o professor Saif Mounssif, pesquisador da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA e imam do Centro Islâmico Cultural do Pará, a estudante esteve, em 2014, em um curso de língua árabe oferecido pelo centro e, pouco tempo depois, manifestou o desejo de conversão à religião muçulmana.
O pesquisador, porém, ressalta que o curso de idioma trata apenas do ensino da língua árabe e da cultura a ela ligada, sem abordar questões políticas ou religiosas em relação ao Estado Islâmico.
Ele também esclarece que a presença da jovem no Centro Islâmico Cultural do Pará sempre ocorreu com o apoio e conhecimento materno e que Karina deixou de frequentar o espaço em novembro de 2015. Desde então, a instituição não possui informações sobre a universitária.