A Polícia Civil do Rio pode acionar a Interpol para localizar cidadãos sírios, com passaporte brasileiro, no exterior, que obtiveram o documento de forma irregular. Eles conseguiam o passaporte, a partir de registro de certidão de nascimento falso, forjado por uma quadrilha especializada em fraudar esse tipo de documento. A quadrilha começou a ser desarticulada após oito meses de investigações da Delegacia de Defraudações do Rio.
O delegado Aloysio Falcão, responsável pela investigação, não descartou a possibilidade de acionar a Organização Internacional de Polícia Criminal, conhecida mundialmente como Interpol, para encontrar os sírios foragidos da justiça. Segundo ele, a Polícia Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério de Relações Exteriores foram oficiados pela delegacia para auxiliar na localização dos sírios beneficiados com o esquema.
“Eles estão sendo investigados no inquérito policial e se encontram foragidos da Justiça. A gente está oficiando esses órgãos para saber o paradeiro deles porque a gente não consegue ter acesso da entrada e saída deles. Não se pode descartar o apoio da Interpol para localizá-los,” disse.
A quadrilha transformou 72 sírios em brasileiros entre 2012 e 2014. A peça-chave no esquema, o sírio Ali Kamel Issmael, de 71 anos, que tem visto permanente de residência no Brasil, era o responsável por encaminhar os sírios interessados em ter uma certidão de nascimento lhes dando a naturalidade brasileira. Um funcionário e um ex-funcionário do cartório da 12ª Circunscrição, na zona oeste da capital fluminense estavam envolvidos.
No esquema, o escrevente do cartório Jorge Luiz da Silva, responsável pela emissão da 2ª via da certidão de nascimento, arrancava folhas de livros cartorários, datados entre 1960 e 1970, e levava para o ex-funcionário David dos Santos Guido – exonerado a bem do serviço público. Em depoimento à polícia, David admitiu que assinava os documentos fraudulentos.
Com a certidão em mãos, Ali acompanhava os sírios até o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RJ), onde atuava como tradutor para auxiliar na obtenção da identidade brasileira. Com isso, 51 dos 72 sírios conseguiam o documento. Além da identidade, os sírios tiveram acesso também ao documento eleitoral do país, 52 deles adquiriram título de eleitor. Além disso, 39 tinham Cadastro de Pessoa Física (CPF), o que abre a hipótese de que estejam em território estrangeiro como brasileiros.
Fonte: Agência Brasil